sexta-feira, 30 de outubro de 2009

mnemotécnica

A memória é um vício. Geralmente as memórias olfactivas são as memórias com maior interferência proactiva. Sentimos determinado odor e o acontecimento associado surge de forma automática. Às vezes para sempre. Felizmente para sempre.
A minha memória (e desculpem lá a falta de cientificidade destes meus apontamentos) é do tipo associativo. Esqueço-me de nomes, de coisas que li, de filmes que vi e até de coisas que já fiz com uma rapidez fulminante dando azo a situações pouco simpáticas. Mas basta lembrar-me de um pequeno pormenor que um chorrilho de recordações aparece.
Pois então ontem dei por mim aqui (já sem os sacos de cimento e com mais reboco): A lembrar-me que já tinha sido assim:
E lembrei-me das garrafas, das gavetas, da prateleira do armário que teimou em sair, das pedras por debaixo da bancada, da grelha enferrujada do passe-vite, dos pedaços de jornal e ervas secas a servir de ninho para visitantes indesejados, a pia sem acesso a água corrente, o cheiro a amónia, as paredes que denunciavam o sítio onde eram cozinhadas as refeições, a madeira enegrecida na boca da chaminé. E mais, muito mais...

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