sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Ideias para os miúdos

Mais dois  projectos giros para se fazer com os mais pequenos. O primeiro é fácil, sem custos e alia um passeio na rua ao trabalho feito em casa. O segundo já requer um pouco mais de trabalho mas não é difícil. Pode até ser uma prenda gira para oferecer.
Se entretanto não me esquecer, o que é provável, vou usar a ideia dos balões no próximo aniversário da Maria. 
Ideias e fotos aqui, um blogue que vale a pena visitar. 




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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Das memórias

Ultimamente o tema da maternidade tem vindo à baila em muitos blogues. Eu não tenho nada de espectacular a acrescentar. Identifico-me mais com algumas mães do que outras, concordo com algumas, parcialmente com outras. Há teorias que nunca colocarei em prática. Não há fórmula perfeita para educar um filho mais que não seja porque somos todos diferentes: mães, pais e filhos. E se metermos na equação avós, padrastos, irmãos etc. ainda mais complexa é a situação.

Li este texto no Eu, ele, a Maria e o Miguel e identifiquei-me de tal maneira que fiquei com um ligeiro nó na garganta: porque sou mãe e tenho medo, porque sou filha e não esqueci.


a minha mãe recortava bonecas em cartolinas e desenhava-lhes roupas para nós brincarmos. ela vendia doces para fora: na nossa cozinha uma bancada de mármore muito grande estava sempre coberta de brigadeiros e doces de ovo com caramelo e uma noz em cima. a nossa casa cheirava a chocolate e ela deixava-nos sempre rapar a tigela. no dia em que a minha irmã mais nova nasceu ela passou na minha escola para me explicar o que ia acontecer. eu tinha 6 anos e ela não queria ir sem me dizer adeus. no gira-discos ela ouvia o bolero de ravel e segurava as nossas mãos pequeninas e fazia-nos rodopiar. preparava-nos festas de anos e os bolos eram caras de palhaços com bocas feitas de pintarolas e cabelos de fios de ovos. ela nunca me deu uma palmada. ela levava para casa cães que encontrava na rua e tomava conta deles até lhes encontrar um dono. ela enchia sacos de comida e levava-me pela mão até às barracas nas traseiras da nossa casa. chamava-me verinha. ainda chama.o meu pai viajava muito mas sempre que voltava trazia-nos chocolates muito grandes que comprava no aeroporto. um dia eu fugi da creche e fui ter com ele à fábrica onde trabalhava: ele nunca mais me levou para lá. lembro-me de estar na cama com ele e a minha irmã mais velha: ele contava-nos a história da branca de neve com vozes engraçadas. no dia em que a minha mãe foi para a maternidade ele fez-nos muitos ovos estrelados para o almoço. ele dava-nos banho e embrulhava-nos nas toalhas com um abraço. na praia levava-me ao colo até à toalha para eu não me sujar com areia. ele nunca me deu uma palmada. ele fazia puzzles comigo no chão da sala. chamava-me verita. ainda chama.é engraçado como a nossa mente funciona: estas são as coisas de que eu me lembro. eu era pequenina: não me lembro de muito. nesses dias que eu não lembro eles faziam o melhor que conseguiam. e davam-me colo, limpavam-me as feridas, secavam-me as lágrimas, faziam-me cócegas. e eu que não me lembro de muito. [naquele dia eu estava com a minha irmã a fazer desenhos. não sei que idade tinha. talvez 5 porque ainda era só eu e ela. o meu pai entrou no nosso quarto com outro senhor. juntos foram ver a clarabóia que ficava lá no alto, onde nenhuma de nós chegava. o senhor ia arranjá-la. aproximei-me deles e dei ao meu pai o desenho que tinha acabado de fazer. era para ele. ele agradeceu-me e continuou a explicar ao senhor o que era preciso fazer. sentei-me a fazer outro desenho. quando a clarabóia se abriu caíu areia para o chão, estava suja. naquele momento a olhar para eles vi: o meu pai pediu desculpa ao senhor, apertou o desenho que lhe dei com as mãos e usou-o para limpar o vidro. ele fez tudo muito depressa, sem pensar. eu nunca o esqueci.][naquela noite eu estava sentada no chão da sala. estava escuro. tinha 6 anos. tinham passado horas desde que a minha irmã mais nova tinha começado a chorar. sentada no chão da sala eu olhava para a minha mãe: de robe comprido e um bebé muito pequenino nos braços. ela era a melhor mãe que eu podia ter: ela estava sempre lá. e nós éramos agora 3 filhas, uma casa e um casamento que nunca foi perfeito. na escuridão eu ouvia o choro da minha irmã, o choro da minha mãe que se balançava para trás e para a frente. ela estava sozinha e cansada. e zangada, ela disse: cala-te, cala-te senão atiro-te da janela. ela era a melhor mãe que eu podia ter: calma e carinhosa. e depois ela gritou. e eu nunca o esqueci.]todos os dias tento dar o meu melhor: dou-lhes colo, limpo-lhes as feridas, seco-lhes as lágrimas, faço-lhes cócegas. esforço-me todos os dias. abraço-os e espero que eles me larguem primeiro: abraço-os o tempo que eles precisam. será que eles se vão lembrar disso? e depois desligo-me e faço coisas e digo coisas: coisas sem pensar: terei feito alguma coisa que eles não vão esquecer? eu nunca o esqueci. prometi a mim mesma fazer diferente. e um dia deitei o miguel muito pequenino na minha cama: ele chorava. segurei-o nos meus braços durante horas enquanto ele chorava e depois deitei-o na minha cama: tão pequenino. mas a limpar as minhas lágrimas gritei bem alto: cala-te. olhei para trás e ela ali: a maria. a pequena maria a olhar para mim. e eu que estava sozinha e cansada.ela faz-me desenhos e recorta pedaços de revista que me entrega embrulhados numa folha: é para ti. guardo-os a todos. pedaços de panfletos de supermercado que guardo durante dias: se ela me perguntar por eles mostro-lhe. ela nunca pergunta. depois deito-os no lixo, mas abro bem o saco e empurro-os lá para o fundo para ela não os ver. sinto-me sempre mal quando o faço. depois esqueço. e todas estas coisas que eu faço fazem-me pensar em nós: seres humanos. como pequenas coisas sem importância nos marcam e definem. esse é o meu maior medo: falhar. esquecer-me que eles me estão sempre a observar e falhar: mesmo ali, naquela pequena coisa. medo de ser humana: vou falhar muitas vezes. os meus pais foram os melhores pais que eu podia ter, deram-me amor, conforto, segurança. e depois um dia distrairam-se. e eu nunca o esqueci.

Andorinha


Não sou de ligar a prendas mas esta andorinha encheu-me o coração.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

35

No sábado fiz 35 anos. T-r-i-n-t-a e c-i-n-c-o. Glup. 
Fiz um bolo tiramisú, receita daqui, que modéstia à parte estava delicioso. Vale a pena experimentar. 
Domingo foi dia de praia com um papagaio de papel que encantou a Maria. Para quem tem crianças pequenas (e não só) esta é uma actividade simples e barata (comprámos o papagaio na decathlon por 8 euros mas pode-se fazer em casa com papel de seda, apesar de não ficar tão resistente) para passar uma tarde divertida fora de casa. 





quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cabine de duche ou cortinas

Não sou uma pessoa com a mania das limpezas e a lide doméstica nunca foi a minha prioridade no que diz respeito a ocupar tempo livre.  Claro que há limites, verdade, e o meu esbarrou com a cabine de duche cá de casa. Coisa do diabo, parece que nunca está limpa! E de tantos modelos que existem no mercado tínhamos logo de comprar um que não permite que se tirem os painéis para limpar as partes que se sobrepõem. Não há detergente, lixívia ou ácido que nos valha*.  É por isso que ando com muuuuuita vontade de mandar a cabine às urtigas e voltar às velhas cortinas de duche. Não é que me agrade muito, não só porque fico a pensar no dinheiro que gastámos mas também porque me lembro bem que as cortinas de duche às vezes colam-se às pernas enquanto tomamos banho ou que deixam escapar água para o chão. Ainda assim, estas desvantagens parecem-me menos desagradáveis do que ver fungos a colonizar o nosso duche sem que os possamos exterminar. 
E agora o conselho para quem anda a construir casa ou em remodelações: não comprem cabines de duche sem confirmar primeiro se as portas podem ser retiradas para limpeza. Acreditem, é menos uma chatice doméstica na vossa vida.



*bom, mas se alguém tiver uma solução por favor partilhem!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Ainda as portas

Gosto muito desta, principalmente da citação do Vitorino Nemésio. Também gosto muito deste azulão, o mesmo que utilizámos nas portas e portadas da nossa casa.