sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Curioso

Ontem o primeiro ministro anunciou algumas das medidas para 2012. Uma delas é o corte de subsídio de férias e subsídio de Natal para funcionários públicos que ganhem mais de 1000 euros e o corte de um subsidio para quem ganhe entre o mínimo nacional e os 1000 euros. Li o jornal online e fiquei espantada com os comentários à notícia. Muita gente a achar que é bem feito, que os funcionários públicos, essa corja, tem o que merece porque andam é a sugar o dinheiro alheio. E eu não entendo. Porque são pessoas que vivem num mundo em que os únicos funcionários públicos são uns funcionários das Finanças ou da Segurança Social que um dia lhes prestaram péssimos serviços. Eu também já fui mal atendida em serviços públicos que pago com os meus impostos e fiquei fula, claro. Achei que o meu dinheiro estava a ser mal empregue com pessoas que mostram uma tromba em vez de uma cara, que não sabem o que estão a fazer. Mas também tenho noção que são funcionários públicos os professores, os médicos, os enfermeiros, os oficiais de justiça. Os polícias. As auxiliares que vigiam os meninos no recreio, o técnico da ETAR, o senhor que faz as análises à água que bebo. O coveiro. A auxiliar de acção médica que muda a arrastadeira no hospital quando alguém está doente, os 'homens do lixo'. A técnica social que visita uma casa cheia de lixo até ao tecto e retira aos pais um bebé de 3 meses que é abusado sexualmente pelo pai e depois vai para casa com o peso daquela imagem na cabeça. E no coração. Podia continuar com a lista de profissões dignas que trabalham para o estado e não recebem fortunas mas acho que já passei a ideia.
Nivelar por baixo, querer que os outros tenham a mesma má sorte que nós, é, a meu ver, um raciocínio 'pequenino'. Então se os suecos têm direito a uma licença de paternidade de 1 ano e eu tenho direito a 5 meses vou querer que a deles diminua? Eu quero é o mesmo para mim! Se acho bem que os trabalhadores a recibo verde ( e eu conheço tantos, infelizmente) sejam explorados à conta de uma medida política que só promove o desrespeito ? Claro que não. Evidentemente que não. Mas não me peçam para abdicar dos meus direitos para sermos todos iguais. Eu quero é que esses trabalhadores tenham os mesmos direitos que eu.
Ontem, ao ler a notícia, lembrei-me da minha amiga Luísa. A Luísa é funcionária pública, varre ruas no concelho onde moro. Recebe o salário mínimo, paga um passe de 80 euros para vir trabalhar mais 80 para almoçar todos os dias na cantina. Tem filhos, um marido reformado por invalidez, paga renda de casa, alimentação, água, gás e luz, esses bens de luxo agora taxados a 23%. Para o ano não vai ter direito a um dos subsídios.
Como é que eu posso achar que esses cortes são justos?

2 comentários:

  1. Infelizmente isto está mesmo mal e, embora os maiores cortes sejam em quem ganha mais de 1000 euros a verdade é que os funcionários publicos têm sido os mais sacrificados. os politicos que governaram o país desde o 25 de abril é que deviam pagar porque foram eles que deixaram o país chegar a este estado...
    beijinhos

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  2. sim tenho visto a reação do "bem feito" mas as pessoas n percebem mm quem são os fp's, e acham q são só as pessoas das repartições! e mm q fossem, se trabalham mal têm é de ser despedidas, n lesadas no ordenado, porque pelo justo paga o pecador ( se bem q esta frase, faz mais sentido ao contrário...:)
    enquanto o nosso 1º continuar a ir à ópera e a cp continuar a mandar vir frotas de carros de luxo, os mileuristas q paguem a crise! e as empresas públicas q trabalhem mais meia hora por dia, q ao ritmo tuga é qq coisa como 2 cafés e 2 cigarros!:)

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