2009 vai ser um daqueles anos que ficam na memória e servem de referência para nos situarmos no tempo que já lá vai, como por exemplo o longínquo ano de 1985, ano em que entrei para a escola. Eu e a minha lancheira cor-de-rosa. Ou o de 1987, ano em que apanhei piolhos na escola porque quando tirámos a fotografia de turma (e uma foto a solo com um cenário tipo Heidi atrás) a assistente do fotógrafo penteou todos os miúdos com o mesmo pente. Todos os que estavam na fila atrás da Marília não se safaram. Eu estava mesmo atrás da Marília.
Há também o tempo “antes-do-ISCTE” (1998) e o tempo “depois-do-ISCTE”. E o tempo “antes-do-Alentejo”(2001) e o “depois-do-Alentejo”. E a lista poderia continuar por aí fora.
Portanto, imagino que em algumas conversas caseiras vá acontecer qualquer coisa como:
- Foi depois. Então, em 2009 comprámos a casa e foi nesse ano que …”
É claro nem tudo foi fácil neste ano. Nã,nã… Barafustei muito. Disse que fazia e acontecia. Rabujei e preocupei-me como nunca. Enganei-me. Enganaram-me. Senti-me desgastada. Estive ausente. Fiz quilómetros demais, num ir e vir sem vontade. Perdi, para sempre, o meu avô.
Mas, ainda assim, 2009 foi um ano bom... Foi um ano de muito trabalho. Trabalho duro, daquele que faz troça de quem passa o dia atrás de uma secretária. Foi um ano em que atalhámos por outras artes e outros ofícios. Descobrimos novas formas de viver, de pensar, de habitar. Encontrámos memórias de outros tempos. Conhecemos pessoas com histórias na ponta da língua.
Vimos, numa oportunidade ímpar, de e como é feita a nossa casa. O que está por detrás. Estive com os meus pais mais vezes do que nos últimos 7 anos. Nasceu a Dixie. Tenho o coração feliz.